Aplicações Financeiras
DICA - EBOOK DA ANBIMA - "JUROS A 1 DÍGITO - E AGORA?"
Em julho/2017, a Meta Selic foi reduzida pelo Copom (Comitê do Banco Central) para 9,25% ao ano.
A taxa Selic de um dígito (abaixo de 10% ao ano) tem um impacto muito significativo em nossas decisões de aplicar nossos recursos.
A Anbima - Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais, (www.ambima.com.br) divulgou em seu site um E-book ("Juros a 1 dígito. E agora?" que contém orientações bastante interessantes e acessíveis para ajudar a entender o cenário atual e quais decisões podem ser mais adequadas.
O Ebook pode ser baixado gratuitamente pelo link da Anbima (clicar aqui)
PROCESSO DE PLANEJAMENTO DE UMA APLICAÇÃO FINANCEIRA
Vamos discutir neste tópico alguns aspectos que devem ser considerados na realização de aplicações financeiras.
RENTABILIDADE, LIQUIDEZ E SEGURANÇA
Aplicar suas economias é uma necessidade. Mas o planejamento é essencial para o sucesso. Como fazer a escolha acertada?
Vamos começar relembrando o tripé da aplicação financeira: rentabilidade, liquidez e segurança.
A rentabilidade é o retorno combinado para a aplicação.
Em geral, busca-se estabelecer um parâmetro, ou benchmarking – na linguagem do mercado – a partir do qual seja possível avaliar o rendimento da aplicação, saber se ela está adequada ou não. Pode ser o CDI, a Selic, a inflação, a arroba de boi, dentre outros.
O segundo pilar é a liquidez; seu grau indica a facilidade (ou dificuldade) de transformar a aplicação em dinheiro – o tempo que se gasta para isso. Atualmente, as Letras de Crédito (LCA – do Agronegócio e LCI – Imobiliário) têm carência de 90 dias, prazo em que não podem ser resgatadas. Um exemplo muito bom para pensar em liquidez é um imóvel; mesmo que tenha forte valorização, dificilmente se consegue vender um em poucos dias; entre achar o comprador, acertar as condições, transferir e receber vão-se meses.
Temos por fim a segurança, ou o risco. Na definição de preços do mercado há uma parcela da taxa que reflete o custo do dinheiro; outra parcela reflete o risco que determinado produto tem. Um produto de maior risco terá uma taxa de risco maior (pagará mais na aplicação), ao contrário de um produto quase sem risco. Se um banco está captando recursos por um preço muito superior à média do mercado, avalie com cuidado! Será que faz sentido?
Aplicações mais rentáveis tendem a exigir maior permanência dos recursos (menor liquidez) e apresentam maior risco. Por exemplo, uma aplicação com prazo de seis anos está sujeita a possíveis turbulências na economia e pode sofrer prejuízos durante o tempo de sua maturação.
Para ilustrar esse tripé, usa-se a metáfora do cobertor curto: para cobrir um dos lados descobrem-se os outros.
No processo de planejamento deve-se considerar qual é o equilíbrio que se quer buscar: mais rentabilidade, com mais risco? Mais liquidez, com menor rentabilidade? Segurança total e muita liquidez, com rentabilidade reduzida?
Ou seja: um planejamento bem feito vai analisar cada pilar do tripé. No entanto, antes de definir onde aplicar os recursos, deve-se analisar também os projetos do investidor e seu perfil, considerando idade, duração da aplicação, tolerância ao risco e outros.
Mas aqui já podemos antecipar um conceito essencial – ao qual retornaremos - para buscar uma decisão equilibrada: diversificação que significa buscar, dentro dos recursos disponíveis, sua alocação em produtos diferentes, que deixe uma parte com maior liquidez (para atender às emergências), uma parte (de longo prazo) mais arriscada tentando ganhar mais e um conjunto com risco mitigado.
INVESTIMENTOS: QUE DECISÃO TOMAR?
Seguindo, vamos conversar sobre as condições pessoais, convicções e necessidades do investidor, pois uma boa avaliação é essencial para tomada de decisões acertadas na realização de investimentos financeiros.
Para avaliar o risco que se está disposto a correr, é necessário pensar sobre sua idade e condições atuais: se já está estabilizado ou se ainda está construindo seu patrimônio, se tem filhos ou dependentes, etc. Em geral, uma pessoa mais jovem e solteira pode arriscar mais em busca de maior rendimento: se errar um investimento e perder muito dinheiro tem chances de recomeçar, mas uma pessoa já nos seus sessenta anos talvez não tenha a mesma facilidade ou a mesma disposição. O investidor deve avaliar a melhor situação para sua condição.
Deve-se planejar o tempo pelo qual se pretende deixar seu dinheiro aplicado. Considerar, por exemplo:
- quais são os projetos? Proteger seu dinheiro enquanto é acumulado para realizar um sonho? Comprar um carro ou uma casa? Fazer aquela linda viagem no próximo ano? Ou construir uma reserva para sua aposentadoria? Muitos buscam estruturar sua independência financeira, buscando aplicar bem seu dinheiro para fazê-lo render a seu favor.
- avaliar se há eventuais despesas extraordinárias futuras (um intercâmbio do filho no exterior, uma formatura do colégio...) em vista? Como serão pagas?
Cabe pensar sobre a diversificação: planejar as aplicações para que não fiquem todas num lugar só, especialmente se for um investimento que dificulte saques no curto prazo. Imprevistos podem acontecer e – se não estiver preparado – pode ser necessário recorrer a empréstimos caros ou compras parceladas com juros, mesmo tendo recursos investidos.
Dica: deixar uma parte do dinheiro em aplicações líquidas, que não tenham prazo de carência, ainda que menos rentável. Cada um(a) tem que definir suas regras pessoais. Eu gosto de ter pelo menos três ou quatro meses de renda mensal ou de salário como reserva de segurança.
Além de mitigar riscos quanto a prazos, a diversificação permite buscar maior rentabilidade em uma parte dos recursos, protegendo o restante.
É preciso checar o grau de conhecimento do mercado e dos produtos financeiros. Estudar, pesquisar, ler a respeito e não tomar decisões sem ter muita clareza do que está sendo comprado. Dedicar atenção especial a compreender a forma de tributação a que estará sujeito. Mais adiante, buscaremos uma visão geral das características dos principais produtos disponíveis, que ajudará a aprofundar esse tema.
Um ponto essencial no mundo dos negócios é saber o momento certo de iniciar uma aplicação financeira específica, de mudar de produto de aplicação ou de sacar os recursos. Por exemplo, um momento de forte movimento de alta da bolsa pode não ser o melhor momento para comprar ações: a Bolsa é cíclica e poderá sofrer quedas no curto prazo. Entradas e saídas abruptas podem levar à realização de prejuízos.
ANÁLISE DO PERFIL DO INVESTIDOR
Para ajudar o investidor a chegar suas condições, convicções e objetivos quanto ao investimento, foi criada a "Análise do Perfil do investidor".
A API atende a determinação normativa da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que buscava, dentre outros:
- exigir a verificação da adequação dos produtos e serviços ao perfil do cliente
- reduzir a assimetria de informações (os agentes financeiros costumam ter muito mais informações que nós, enquanto pessoas físicas) e os conflitos de interesses (buscar a melhor aplicação para o investidor ou para o agente financeiro?).
- proteger os investidores menos sofisticados de riscos de informação, de riscos financeiros (perdas), além de fraudes, abusos ou vendas mal feitas.
A definição de perfil deve identificar os objetivos de investimento do cliente, sua situação financeira e seus conhecimentos sobre os riscos de produtos ou serviços a ser adquiridos.
A Instrução 539/13 da CVM define que devem ser observados no mínimo:
- objetivos do investimento: o período em que o cliente deseja manter o investimento; as preferências declaradas pelo cliente quanto à assunção de riscos; as finalidades do investimento (preservar patrimônio, formar reserva, diversificar, aumentar a renda, etc)
- situação financeira do cliente: valor de suas receitas regulares declaradas; valores e ativos que compõem seu patrimônio; sua necessidade futura de recursos
- conhecimento do cliente quanto ao mercado e aos produtos: tipos de produtos, serviços e operações com os quais o cliente tem familiaridade; natureza, volume e frequência das operações já realizadas pelo cliente, bem como o período em que tais operações foram realizadas; formação acadêmica e experiência profissional.
Os questionários não são idênticos em todos os agentes financeiros e podem sofrer alterações. Para preencher ou revisar sua análise de perfil, deve-se acessar seu banco ou corretora pela internet e dar as respostas mais exatas possíveis. Terminadas as respostas, o próprio site do agente retornará o perfil apurado. Em geral, o cliente de varejo pode ser classificado em conservador, moderado ou agressivo, podendo haver classificações intermediárias.
- De modo geral, o cliente conservador tem aversão a risco. Busca preservar seu patrimônio e obter retornos com menor risco.
- O cliente moderado aceita um nível determinado de riscos, pelos quais possa obter melhor rentabilidade. A tendência neste caso é aplicar de forma diversificada, mesclando aplicações mais arriscadas com outras mais protegidas.
- Já o cliente agressivo tem seu foco na rentabilidade, ainda que corra maiores riscos. É o público mais típico para operações de renda variável, como ações.
Ao mesmo tempo, o agente financeiro deve classificar suas opções de investimento em uma das categorias (conservador, moderado ou agressivo), de modo que haja uma indicação geral de produtos adequados aos diversos perfis de clientes.
O investidor não fica proibido de fazer aplicações indicadas para outros perfis, mas – neste caso – deve assinar um documento para o agente financeiro, declarando-se ciente da divergência de perfil e assumindo os riscos da escolha. A regra fundamental do investimento financeiro é a seguinte: a decisão final é do cliente; os consultores, assessores e vendedores oferecem alternativas para a livre escolha do investidor!
Informação importante: o foco deste site é nas finanças pessoais. Assim, não trazemos informações dedicadas aos investidores profissionais e aos investidores qualificados.
Fontes:
- Comissão de Valores Mobiliários - CVM, especialmente instrução 53913.
- Anbima (geral) e Anbima - Informe 025/2014.
UMA RESERVA PARA O FUTURO... VGBL OU TESOURO DIRETO?
Esta dúvida é muito comum e a resposta, para variar, não é das mais simples. É preciso considerar o perfil do investidor (conservador, moderado, agressivo), seus objetivos (em termos de prazos, rentabilidade, liquidez, segurança) e os produtos disponíveis, conforme já discutimos anteriormente.
Para ajudar a pensar no tema, destacamos abaixo alguns pontos que consideramos favoráveis ou não em cada um dos produtos, para que você possa avalia-los e tomar a decisão mais adequada segundo seus interesses, seu perfil e seus objetivos.
Para os objetivos deste estudo, não estamos tratando do PGBL, que será abordado posteriormente.
1. Previdência Privada (VGBL)
A – Aspectos favoráveis do VGBL
- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")
- permite o planejamento sucessório: em caso de falta do cliente, seus herdeiros conseguem sacar a aplicação sem trânsito pelo inventário, o que é sempre muito bem vindo nesta hora
- com a opção pela tributação regressiva definitiva, aplicações com mais de dez anos são tributadas em apenas 10% dos rendimentos – menor alíquota de IR sobre aplicações financeiras
- possibilidade de diversificação: em geral, os produtos são estruturados para ser fundos de investimento em cotas de fundos de investimento (FIC-FI); com isso, é possível mixar aplicações em renda fixa com aplicações em renda variável em diversas proporções
- permite agregar opção por seguro de vida e pecúlio
B – Aspectos desfavoráveis do VGBL
- caso precise de sacar os recursos em poucos anos, o aplicador deve verificar se sua aplicação não está sujeita a taxa de saída (taxa de carregamento)
- alguns produtos estão sujeitos a taxa de carregamento (cobrada no momento da aplicação) – o que deve ser conferido com seu agente financeiro
- não possui garantia do FGC – fundo garantidor de créditos (tem apenas a garantia da instituição financeira)
- os produtos VGBL são sujeitos a taxas de administração, em geral aplicadas em proporção inversa ao valor aplicado (devido ao custo operacional); assim, o pequeno poupador acaba sendo bastante penalizado em sua rentabilidade
- caso precise sacar os recursos em poucos anos, devido à tributação regressiva definitiva, a mordida do Leão será muito vigorosa; o Imposto de Renda incide à alíquota de 35% dos rendimentos (até 2 anos), baixando para 30% de 2 a 4 anos, e assim por diante (reduzindo-se em 5% a cada dois anos, até 10%, a partir de 10 anos da aplicação).
- é preciso esperar um prazo médio de 15 dias para recebimento de eventuais resgates de aplicação
- a maioria dos fundos de renda fixa não têm proteção contra a inflação, podendo estar sujeitos a perdas em momentos de aceleração inflacionária
- devido à marcação a mercado, no caso dos fundos de renda fixa que tenham papéis com taxas pré-fixadas em sua carteira podem sofrer oscilações nas alterações da Meta Selic pelo Copom / Banco Central.
2. Tesouro Direto
A – Aspectos favoráveis do Tesouro Direto
- não sofre o come-cotas do Imposto de Renda em maio e novembro; portanto, tende a ter maior rentabilidade no longo prazo (efeito dos "juros sobre juros")
- no Tesouro Direto com NTN-B, há proteção contra a inflação (muito interessante para uma aplicação de longo prazo) – o aplicador recebe uma taxa de juros mais a correção pelo IPCA
- é o ativo mais seguro do mercado, garantido pelo Tesouro Nacional
- tem liquidez diária; permite saque a qualquer momento e o crédito é imediato
- pela liquidez imediata, acaba gerando maior portabilidade (facilidade para mudança de modalidade - pós – Selic, pré-fixado ou inflação - ou para mudança de produto de aplicação)
- dependendo do Banco ou Corretora escolhida, a taxa de administração pode ser zerada; neste caso, o investidor que optar por abrir uma conta em corretora deve colocar na ponta do lápis quanto seu Banco vai lhe cobrar pelas TED para a corretora (para enviar os recursos a ser aplicados) e esse valor deve ser considerado com redução de seu rendimento final
- é acessível a qualquer investidor, com valores a partir de R$30,00
B – Aspectos desfavoráveis do Tesouro Direto
- em caso de falecimento, o saldo aplicado tem que transitar pelo inventário
- a menor alíquota possível de imposto de renda é 15%, para aplicações superiores a dois anos
- todas as aplicações estão sujeitas a uma taxa de corretagem da Bolsa, de 0,3% ao ano
- como é um produto sujeito a marcação a mercado, o investidor pode ter perdas se realizar um saque antes do vencimento em um momento de alteração da taxa de juros da economia – no caso de aumento da taxa Selic, o valor presente do título vai ser reajustado para baixo, para que a rentabilidade do título se adapte ao novo cenário de juros da economia
- no caso do produto corrigido pela inflação, pode apresentar rentabilidade menor que os produtos de renda fixa em meses de inflação muito baixa
Para ajudar a pensar na parte financeira, veja as simulações a seguir:
a) Um valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2010, sem considerar quaisquer taxas ou impostos e sem qualquer saque intermediário, geraria em 31/08/2017 um valor bruto de:
a.1 – R$2.376,14 no Tesouro Direto, com IPCA + 5% ao ano
a.2 – R$2.197,96 no VGBL com rendimento igual ao CDI, na mesma data
Ou seja, o Tesouro Direto teria 7,5% de ganho sobre o VGBL
Aqui, importante lembrar que em caso de resgate o Tesouro Direto seria tributado em 15% do rendimento e o VGBL seria tributado também em 15% sobre o rendimento.
b) O mesmo valor de R$1.000,00 aplicado em 02.01.2015, nas mesmas condições do exercício anterior, daria hoje:
b.1 – no Tesouro Direto, R$1.383,79
b.2 – no VGBL, R$1.384,44
Aqui temos uma diferença de R$0,65 em favor do VGBL.
Neste caso, a tributação do Tesouro Direto para resgate seria de 15% do rendimento e a do VGBL seria de 30% dos rendimentos.