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O QUE É UM EMPRÉSTIMO?
É um valor tomado sem finalidade específica. O tomador pode gastar o dinheiro da forma como quiser. Um exemplo muito comum são os empréstimos pessoais dos bancos e financeiras.
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O QUE É UM FINANCIAMENTO
É um valor tomado com finalidade específica, como a compra de um carro ou de uma casa. Em geral, tende a ter um custo menor e um prazo maior (dependendo do tipo de bem a ser adquirido), mas tem algumas características importantes:
- é comum o financiador exigir a comprovação da aquisição proposta
- em geral o bem adquirido com o crédito é vinculado como garantia do pagamento
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QUESTÕES A CONSIDERAR ANTES DE TOMAR UM EMPRÉSTIMO
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1. Comparar os custos do empréstimo (juros, taxas, tarifas, impostos e outras despesas) com os benefícios do dinheiro a ser antecipado. Por exemplo: tomar um empréstimo mais barato para pagar outro mais caro pode ser boa alternativa.
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2. O tomador deve considerar que as parcelas mensais do empréstimo vão reduzir sua renda líquida até o fim do prazo de pagamento. Avaliar se está preparado para isso.
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3. Não considerar apenas o valor da prestação. Um bom exercício é multiplicar o valor da parcela pelo total de parcelas a pagar e subtrair desse valor o que foi emprestado. A diferença representa todos os custos.
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4. Avaliar se é possível postergar a compra e tentar juntar mensalmente o valor da parcela que seria paga no empréstimo, aplicando esse dinheiro. Em geral, com menor quantidade das parcelas do empréstimo é possível comprar o bem desejado).
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5. Fazer cotação em mais de um agente financeiro. Comparar com atenção o CET (Custo Efetivo Total), que deve obrigatoriamente ser destacado pelo agente financeiro no cálculo. Para entender melhor o CET, acessar o Banco Central (clicar aqui). Quanto menor o CET, melhor o custo total do empréstimo.
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6. Preferir o empréstimo consignado a outras formas de empréstimo pessoal, desde que observadas as taxas praticadas e o CET.
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7. Tomar cuidado com ofertas tentadoras para pegar mais dinheiro "sem consulta ao SPC e ao Serasa". Todo o risco do empréstimo será cobrado do tomador e os custos poderão ser proibitivos.
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8. Fazer uma avaliação prévia das dívidas existentes. Avaliar a possibilidade de usar o dinheiro do empréstimo (desde que os juros compensem) para pagar dívidas com custos maiores e reduzir o gasto mensal.
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9. Investigar com cuidado as condições do empréstimo, dentre as quais destacamos: quanto vai pagar de Imposto; se há tarifas e seu valor; as condições do contrato; a forma de pagamento das parcelas (boleto, débito em conta); se há alguma forma de correção; o dia de vencimento; os encargos em caso de atraso; que procedimentos adotar caso a cobrança da parcela não chegue até o vencimento.
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10. Observar que a venda casada (ver-se obrigado a comprar um produto na aquisição de outro) é vedada pelo Código de Defesa do Consumidor. O cliente deve avaliar cada oferta que receber e só realizar compras de forma consciente.
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OS JUROS SOBRE OS EMPRÉSTIMOS
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Antes de tomar um empréstimo, deve-se avaliar o custo total do mesmo e sua necessidade.
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Ter consciência de que os juros são o "aluguel" que se paga pelo empréstimo do dinheiro. Assim, é sempre um valor que se paga a mais. Como princípio de saúde financeira, qualquer pagamento "a mais" deve ser avaliado com cuidado, rigor e atenção.
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Portanto, o cliente deve realizar uma análise cuidadosa do que está comprando, da real necessidade de comprar isso no momento e do custo-benefício dessa compra, especialmente se for financiá-la.
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Sobre a contratação de empréstimos com juros, relacionamos algumas dicas:
a) o empréstimo se torna interessante quando está sendo tomado para pagar uma dívida de maior custo;
b) os juros podem ser justificados quando permitem a obtenção de vantagens numa transação comercial (como - por exemplo - a compra à vista de uma mercadoria com desconto significativo para ser revendida a seguir)
c) sempre que possível, a contratação de empréstimos para financiar o consumo deveria ser postergada, pois não são bens duráveis (se acabam logo) e as parcelas mensais reduzem a capacidade financeira do cliente
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O USO DA CONTA ESPECIAL
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A conta especial é uma solução financeira desenvolvida no Brasil e amplamente difundida. É um produto que vale a pena possuir (dá segurança em eventualidades), mas que em poucas situações vale a pena usar.
Com base no Crédito que o cliente desfruta junto ao Banco, este lhe disponibiliza um limite em sua conta corrente para utilização sem aviso e sem solicitação. Para usar o crédito, basta efetuar qualquer saque na conta que ultrapasse o saldo existente, até o limite autorizado. Para pagar o débito, é só depositar o valor em conta, tornando seu saldo positivo (cabendo atentar para o valor dos juros e imposto anotados, para que seu débito não gere novo empréstimo).
Nessa facilidade de uso, no entanto, mora o perigo! O custo (juros) desta linha é um dos maiores entre as linhas de empréstimos no Brasil (é uma operação de maior risco para o Banco e exige que os recursos – mesmo se não utilizados - fiquem à disposição do cliente sem remuneração para o Banco).
Há também o custo adicional do IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros, também conhecido como Imposto sobre Operações Financeiras), que é cobrado de pessoas físicas com duas alíquotas:
- 0,0082% ao dia, incidentes sobre o saldo devedor do final de cada dia
- 0,38% complementares por evento, incidentes sobre cada valor adicional do limite que é usado
Como exemplo, apresentamos uma simulação de movimentação de uma conta de um cliente:
* Dia 1: usou R$1.000 do limite (passou a dever R$1.000)
Incide 0,0082% sobre R$1.000 (R$0,082)
Incide 0,38% sobre R$1.000 (R$3,80)
* Dia 2: usou R$3.000 do limite (passou a dever R$4.000)
Incide 0,0082% sobre R$4.000 (R$0,328)
= 4.000 é o total do saldo devedor diário
Incide 0,38% sobre R$3.000 (R$11,40)
= 3.000 é o valor adicional usado no dia (em relação ao saldo anterior)
* Dia 3: pagou R$2.000 do limite (passou a dever R$2.000)
Incide 0,0082% sobre R$2.000 (R$0,164)
Não há IOF de 0,38% (não houve aumento do limite)
* Dia 4: fez um saque e um depósito de R$1.000 (saldo devedor ficou em R$2.000)
Incide 0,0082% sobre R$2.000 (R$0,164)
Não há IOF de 0,38% (não houve aumento do limite)
* Dia 5: usou R$1.000 do limite (passou a dever R$3.000)
Incide 0,0082% sobre R$3.000 (R$0,246)
Incide 0,38% sobre R$1.000 (R$3,80)
= 1.000 é o valor adicional usado no dia
* Dia 6: depositou R$3.000 (saldo devedor quitado)
Não há IOF nesta data
- O cálculo é assim efetuado todos os dias e – exceto em situações específicas – o débito em conta do IOF calculado (do dia 01 até o último dia do mês) é feito no primeiro dia útil do mês seguinte.
Vejamos então algumas dicas para o uso correto e consciente da conta especial:
1. Ajustar com o Banco um limite adequado às suas necessidades e conforme à sua capacidade financeira. Um limite adequado à realidade do cliente auxilia efetivamente num controle financeiro adequado.
2. Pensar na conta especial como uma ponte; ela é usada para transpor uma barreira, mas não para se morar em cima. Usar apenas em necessidades pontuais ou em emergências. Ex.: uma obrigação vence hoje (a prestação da casa ou do carro, o aluguel) e o salário chega amanhã
3. Quando usar, definir um prazo máximo para zerá-la. Se não tiver como depositar no curto prazo, vale a pena contratar um empréstimo pessoal, que costuma ficar bem mais barato, para cobrir o saldo devedor gerado (importante fazer a simulação antes para avaliar corretamente os custos).
4. Evitar a espiral do endividamento: todo mês, ficar devendo um pouco na conta especial e ter que contratar um empréstimo para cobrir não é bom sinal... Para quem teve que recorrer à conta especial por meses seguidos, sugerimos avaliar imediatamente:
a) se tem como ajustar suas datas de pagamento de acordo com suas rendas
b) a realização de um corte nas despesas, até que consiga melhorar a renda.
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5. Conferir diariamente o extrato bancário. Hoje, com o acesso à conta via internet e via celular, dá para acompanhar sempre as últimas movimentações sem custos. Merece atenção especial a informação do extrato: identificar claramente o seu saldo efetivo. Em geral, o "saldo disponível" informado pelo Banco considera o limite da conta especial (o que pode induzir a pensar que pode ser utilizado à vontade).
6. Alguns bancos oferecem modalidades com "dez dias sem juros". O uso dessa modalidade exige a consideração de alguns pontos:
- mesmo sem juros, é um empréstimo que exigirá alocação de recursos para pagar (não usar sem avaliação prévia)
- observar o vencimento dos dez dias corridos (se ocorrer no sábado, a cobertura do saldo devedor deve ser feita na véspera); o uso de onze dias ou mais traz o risco de pagar juros retroativos desde o primeiro dia (estudar bem as condições do Banco)
- considerar que o IOF é devido a cada dia de saldo devedor, mesmo nos dias "sem juros"!
7. O limite é o máximo autorizado para o cliente. Não se deve cair na tentação de gastar além dele, pois isso gera tarifas (adiantamento a depositantes), juros muito mais caros e prejudica o cadastro de bom pagador junto ao Banco.
8. Sempre que possível, deve-se preferir o uso do débito automático, da movimentação eletrônica e do cartão (débito ou crédito) ao cheque, pois haverá sempre incerteza sobre a data de cobrança do cheque; se o controle não for perfeito, pode chegar numa hora inesperada e gerar despesas desnecessárias.
9. Evitar movimentações constantes no saldo da conta especial (ex.: depositar hoje um dinheiro que será sacado amanhã) sem fazer as contas previamente. É necessário comparar o custo dos juros com o custo do IOF complementar para um dia, pois pode não valer a pena. Como exemplo, se os juros da conta especial forem de 8% ao mês, os juros de um dia em R$1.000 são de R$3,62 e o IOF é de R$3,80!
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Neste tópico, apenas uma curiosidade: em geral, falamos sempre em cheque especial, mas na verdade existem muitas contas bancárias sem uso de cheque atualmente, mas que contam com limite de crédito. Por isso, procuramos nos referir neste texto a "conta especial", por ser expressão mais genérica e abrangente.
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Nesta página, estão ordenadas as principais informações sobre empréstimos e financiamentos que apresentamos em nosso Blog