FORMAÇÃO DE TAXAS DE JUROS NO BRASIL - IDEIA GERAL
A legislação brasileira prevê que nossa política econômica seja gerenciada através do regime de "metas para a inflação".
O CMN (Conselho Monetário Nacional) estabelece para os anos seguintes a meta de inflação que será buscada.
O Banco Central do Brasil (Bacen) executa a política monetária buscando direcionar a economia nacional para essa inflação-meta.
- O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central define periodicamente a meta de taxa de juros a ser praticada no período seguinte, também chamada de "Meta Selic", após análise do cenário da economia e das tendências atuais
- A mesa de operações do Banco Central opera seu "Sistema Especial de Liquidação e Custódia", também chamado Selic, onde são registrados todos os negócios com títulos públicos federais, bem como dos estaduais e municipais emitidos até janeiro de 1992.
- Esses negócios com títulos públicos no Selic são realizados tendo como parâmetro a Meta Selic
A TAXA MÉDIA SELIC, OU TMS
A partir das taxas praticadas nessas operações, é apurada a cada dia a TMS (Taxa Média SELIC). É uma taxa bastante usada como referencial para operações no Sistema Financeiro. Mais informações sobre a Taxa Selic podem ser obtidas no site do Banco Central.
QUANDO O COPOM REDUZ A TAXA SELIC
Listamos a seguir alguns efeitos que ser verificados na prática quando o Copom baixa a meta Selic:
* a remuneração da poupança é reduzida. Se a Selic fica abaixo de 8,5%, o cálculo do rendimento passa a considerar 70% da Selic mais a variação da TR.
Esta regra é ativada toda vez que a Selic fica igual ou inferior a 8,5%. Ela foi criada para evitar que a poupança se tornasse extremamente atraente e sugasse os recursos aplicados no mercado financeiro.
A título de exemplo, se considerarmos uma TR diária hipotética de 0,02% (índice que só foi superado em três dias de agosto de 2017) a remuneração da poupança seria de 0,489% a.m. numa Selic de 8,25% a.a.!
Mesmo com remuneração mais baixa, é importante que o investidor (principalmente o pequeno) avalie bem suas decisões, pois a poupança ainda pode superar a rentabilidade de alguns fundos (especialmente os que têm taxa de administração mais alta).
* as aplicações vinculadas à variação do CDI/DI e da Selic passarão a render imediatamente no novo patamar definido, abaixo do que vinham rendendo até agora.
* aplicações pré-fixadas (que podem existir inclusive como parte das aplicações de um fundo de investimentos) tendem a apresentar um pico de rentabilidade neste momento (devido à "marcação a mercado", o valor do papel é atualizado para um cenário de juros menores à frente).
* há uma tendência de redução dos juros dos empréstimos. Mas não podemos nos iludir: são sempre bem maiores que os juros das aplicações. Antes de contratar, deve-se avaliar com bastante cuidado suas necessidades e as condições para não se arrepender!
* no cenário que se indica no momento (juros mais baixos), aqueles investidores que desejam buscar maior rentabilidade devem analisar seu portfólio de aplicação e avaliar a possibilidade de correr mais risco para tentar ganhar mais (a exemplo de ações, fundos multimercados, títulos de dívida privados – como as debêntures).
O DI, OU CDI - DEPÓSITO INTERFINANCEIRO
As instituições financeiras têm obrigação de regularizar a posição de seu caixa a cada dia: se houver sobra de recursos, deve aplicá-los (buscando melhorar a rentabilidade); se houver falta de recursos - mais saques que depósitos -, deve obter recursos no mercado (ou vende títulos federais no Selic ou toma emprestados por um dia com outros bancos).
Quando optam por tomar emprestado com outras instituições financeiras, dão em garantia Certificados de Depósito Interfinanceiro, chamados CDI. Essas transações são registradas num mercado de balcão organizado chamado Cetip - Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos e a taxa de juros aí praticada tende a ser muito próxima da TMS.
A Cetip apura a média ponderada das taxas das operações feitas com prazo de um dia e apura a taxa chamada DI. Esse DI é amplamente utilizado como referência no mercado financeiro.
Obs.: é possível conhecer mais sobre a Cetip em https://www.cetip.com.br/Home
INFORMAÇÕES ÚTEIS SOBRE TMS E DI
Muitos produtos financeiros existentes no mercado são oferecidos por um percentual do DI/CDI, a exemplo de CDB, LCA, LCI e mesmo de algumas operações de empréstimos.
A taxa do CDI é calculada por dia útil e é expressa ao ano, considerados 252 dias úteis.
Para cálculos de valor vinculado ao CDI, ou a percentual dele, basta acesar o site da Cetip (www.cetip.com.br) e ativar a calculadora, clicando em "Taxa DI" > "Índice DI" > "Acumule DI entre datas".
COMPARAÇÃO ENTRE TMS E DI
Como pode ser entendido acima, a taxa do DI é formada a partir da referência de juros sinalizada ao mercado pelo Bacen através da Meta Selic e da TMS. Através de consulta ao site do Banco Central (clicar) > Consultar Séries > Localizar Séries > Mercados Financeiros e de Capitais, construímos o gráfico a seguir (que considera o período de 02.01.2015 a 30.06.2016) e que evidencia que os movimentos da Selic são acompanhados de perto pelos movimentos do CDI:
INFLAÇÃO - NOÇÕES BÁSICAS
Inflação pode ser entendida como a alta generalizada dos preços em determinado tempo e em determinada economia.
O efeito disso é que o dinheiro perde poder de compra. Como exemplo: em um momento "a", R$1.000,00 permitem a compra de determinado bem ou serviço, que vale R$1.000,00. Num momento "b", o preço desse bem subiu para R$1.100,00 e já não pode mais ser comprado com aquele mesmo dinheiro.
Para buscar a preservação do poder de compra do dinheiro perante a inflação sem ter comprado o bem, é necessário recorrer a instrumentos financeiros que deem rendimento ao dinheiro, de preferência que paguem a correção monetária.
"Correção monetária" consiste em aplicar sobre o capital inicial um índice de inflação determinado, de forma que se busque no tempo a preservação de seu valor de compra.
Dentre os índices de inflação divulgados no Brasil, citamos:
- Divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (clicar para conhecer mais) = INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) e IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Estes índices medem o índice de inflação para as famílias / consumidores
- Divulgados pela Fundação Getúlio Vargas - FGV (clicar para se cadastrar e conhecer mais) = IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) e IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna). Trazem ponderação da variação de preços no atacado, de preços ao consumidor e de preços para a construção civil.
Ao buscar proteção contra a inflação, sugere-se escolher o índice mais adequado ao tipo de proteção desejado.
Como exemplo, para aplicações financeiras, o Tesouro Direto oferece possibilidades de aplicação vinculada ao IPCA (NTN-B), que lhe protege da inflação para o consumidor, medida pelo IBGE.
Na busca da preservação do valor do dinheiro, no entanto, é muito importante considerar o horizonte de tempo em que se busca proteção e a existência de índices no mercado, a exemplo do DI, que não podem ser confundidos com índices de inflação, mas que podem gerar retornos bastante interessantes.
COMPRAS À VISTA - EM DINHEIRO OU NO CARTÃO?
A Medida Provisória 764/2016, convertida na Lei 13.455, de 26.06.2017, estabelece que quem oferece bens e serviços ao público pode praticar preços diferenciados em função do prazo de pagamento ou do instrumento de pagamento utilizado. A lei só exige que o comerciante exponha no estabelecimento os descontos oferecidos para cada situação
Tendo se decidido a fazer a compra, recomenda-se ao consumidor avaliar:
- os custos e as vantagens de pagar com cada um dos instrumentos de que dispõe (que podem ser: dinheiro, cheques, cartão de débito, cartão de crédito, cartão alimentação...)
- o desconto oferecido pelo estabelecimento para pagamento em dinheiro, no cartão ou com outro instrumento
Algumas ponderações que podem ser consideradas:
* Pagamento em dinheiro:
+ pode-se conseguir mais descontos
+ limita a compra por impulso (é preciso ter dinheiro em mãos)
- exige o dinheiro disponível antes da compra (o que pode ser uma forma de controle)
- exige maior cuidado para controlar onde foi gasto o dinheiro (compras de pequeno valor)
- pode gerar incômodos com a necessidade de troco
- majora o risco (carregar o dinheiro)
- toma mais tempo (realizar o saque e retornar ao estabelecimento comercial)
* Pagamento em cheques:
+ facilidade operacional
+ possibilidade de negociar prazo para pagamento
- risco de compra por impulso (não precisa ter o dinheiro na hora)
- risco de falha no preenchimento
- existência de tarifas no Banco
* Pagamento com cartão:
+ extrema simplicidade operacional
+ segurança (desde que observadas as recomendações do emissor)
+ possibilidade de seguro contra roubo e fraude
+ prazo de até 40 dias para pagamento
- custos de tarifas de manutenção do cartão (anuidade)
- risco de compras por impulso




