Faz sentido migrar do VGBL para o Tesouro Direto?
- Carlos Resende
- 23 de set. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 28 de fev. de 2021
Dúvida recebida: o post do dia 27/09/17 compara o VGBL com o Tesouro Direto. Eu fiz uma aplicação em VGBL há vinte meses, num plano com taxa de administração de 2% a.a. Como a rentabilidade do fundo vem ficando um pouco abaixo do CDI, fiquei pensando em sacar a reserva de hoje e aplicá-la no Tesouro Direto. Vale a pena?
(Obs.: texto adaptado para preservar a identidade do consulente)
Como a questão apresentada foi bastante específica, é possível levantar alguns pontos importantes e que podem ser aplicados à análise de situações similares. No caso em estudo, é bom observar que as taxas e a tributação são de um produto específico. Para outros planos, é preciso apurar individualmente seus componentes.
1. No momento da aplicação, você pagou 0,5% sobre o valor aplicado (=R$125,00), como taxa de carregamento antecipada.
2. Em 31.08.2017, seu plano tem uma reserva atualizada de R$29.936,11 (sendo 5.061,11 de juros gerados desde a aplicação).
3. Como a tributação é regressiva definitiva, a saída do plano antes de 24 meses vai implicar num imposto de renda de 35% sobre os rendimentos (numa aplicação em fundos ou Tesouro Direto, essa tributação seria de 17,5%). Isso representa R$1.771,39 de Imposto de Renda.
4. Verificamos que o VGBL no qual você aplicou tem taxa de carregamento sobre resgates e portabilidades. Se você for sacar neste momento, vai ter descontados 5% (cinco por cento) de seu saldo. Esse percentual decresce ao longo do tempo, mas somente após 108 meses (9 anos de aplicação) essa taxa estará zerada no seu plano. No momento, ela representa R$1.408,24 de desconto.
Observar que em 2021 a grande maioria dos gestores de VGBL não cobra mais taxa de carregamento sobre resgates. Veja se é o caso do seu gestor.
5. Assim, seu valor líquido de resgate será:

6. O valor líquido de resgate indica uma rentabilidade de 7,56% no período de 20 meses, contra 22,3% do CDI.
Neste caso, sair do plano agora representaria perda bastante significativa. Qualquer aplicação que você fizer doravante dificilmente gerará rendimento para cobrir esse déficit e manter o plano com boa rentabilidade no curto prazo.
Assim, sugerimos avaliar muito bem eventual migração, ponderando os custos incorridos e os possíveis ganhos.
O QUE DEVO FAZER NESTE CASO?
Nossa sugestão é que você mantenha os recursos aplicados, buscando a maturação do investimento. Essa maturação provocará a redução da alíquota de Imposto de Renda (a partir de 8 anos, estará em 15%, similar a qualquer investimento de renda fixa) e a redução da taxa de carregamento por resgate. No 7º ano já estará em 1% e no 9º ano estará zerada.
Para ver a tabela completa, acesse em nosso site Estudos > Quadros e Tabelas.
Você pode também encontrar opções de rentabilidade mais alta (ampliando sua exposição a risco), diante da qual possa ser vantajoso efetuar o resgate do VGBL. Mas esta é uma questão que deve ser precedida de uma análise cautelosa de segurança, rentabilidade e liquidez, comparados aos seus objetivos como investidor.
Há uma outra possibilidade, não muito conhecida. Alguns planos de previdência aberta permitem a portabilidade interna do investimento para um fundo de menor taxa de administração e até sem taxa de carregamento, desde que se atinja um determinado patamar (como R$50mil ou R$100mil no seu banco). É preciso estudar as opções oferecidas por sua instituição financeira e avaliar se vale a pena fazer um aporte no fundo para atingir tal nível de aplicação. Considere, para isso:
- que o novo valor aplicado vai recomeçar na alíquota de 35% do Imposto de Renda
- que poderá ocorrer o zeramento da taxa de carregamento e a redução da taxa de administração (tornando a migração menos custosa ou até mesmo desnecessária), fatores que devem ser avaliados previamente.
Caso sua instituição não ofereça alternativas e você queira permanecer aplicado em VGBL, há possibilidade de fazer portabilidade para outra instituição, que ofereça condições mais vantajosas.
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